quinta-feira, outubro 21, 2021

A cronologia da história - 1952

Nossa história começa no ano de 1952. A turma de 1952 é composta de três artistas. Um deles representa a turma jovem e os outros dois já eram artistas consagrados. O primeiro é justamente o artista que fez sua estréia e mudou o mercado fonográfico pra sempre. Estou falando de Lloyd Price. Ele apareceu com sua “Lawdy miss Clawdy”, produzida pelo grande Dave Bartholomew, com o grande Fats Domino no piano.

Nat King Cole em 1952

Lloyd nasceu em 9 de março de 1933, em Kenner, no estado da Louisiana e morreu em 3 de maio de 2021, em New Rochelle, estado de New York, aos 88 anos de idade. Lawdy miss Clawdy teve dois feitos incríveis pra época e por isso eu a escolhi pra ser o começo de tudo. Em primeiro lugar, ela fez com que os jovens brancos comprassem música de um negro. Em segundo lugar, ela fez com que o jovem de qualquer cor, juntasse dinheiro e saísse de casa pra comprar um disco. Até então, o jovem ouvia o que os pais compravam. Lloyd Price mudou essa dinâmica e toda a indústria fonográfica foi alterada, com um público muito maior e maiores investimentos, tornando a música algo muito lucrativo.


Os outros dois artistas sao Doris Day e Nat King Cole. Doris Day, nascida Doris Mary Anne Kappelhoff, nasceu em 3 de abril de 1922, em Cincinnati, no estado de Ohio e faleceu em 13 de maio de 2019, em Carmel Valley Village, no estado da California, aos 97 anos de idade. Nesse ano ela lançou sua clássica “When I fall in love”.

Doris Day em 1952

Nat King Cole, nascido Nathaniel Adams Coles, em 17 de março de 1919, em Montgomery, no estado do Alabama, faleceu em 15 de fevereiro de 1965, em Santa Monica, estado da California, aos 45 anos de idade. Fumante inveterado, Nat morreu de câncer de pulmão. Em 1952 ele apareceu com “Somewhere along the way”.

 

Nat King Cole em 1952

Essas são as três músicas desse ano da nossa lista. Miss Clawdy entrando como o novo, a música do jovem, com bateria e tudo o mais. Miss Clawdy foi gravada em 13 de março de 1952, no Cosimo Matassa's Studio, em New Orleans, Louisiana. Foi lançada em abril de 1952, em um compacto que tinha Mailman blues como Lado B e entrou no Billboard R&B Chart já em maio de 1952, ficando por lá por 26 semanas. No primeiro lugar ficou 7 semanas. Vendeu quase um milhão de cópias, pro público branco e negro. Um sujeito branco do sul dos Estados Unidos ficaria impressionado com Lawdy Miss Clawdy. Anos mais tarde, faria sua própria gravação dela. Seu nome: Elvis Presley. Lawdy miss Clawdy foi composta pelo próprio Lloyd Price.


When I fall in love entra como exemplo do que se vinha fazendo em música até então. Foi gravada em 5 de junho de 1952, no Columbia 30th Street Studio, em New York City e lançada em 3 de julho de 1952 no compacto que tinha Take me in your arms como Lado B. A música foi composta por Victor Young com letra de Edward Heyman.


Somewhere along the way foi composta por Jimmy Van Heusen, com letra de Sammy Gallop. Foi gravada por Nat em 10 de janeiro de 1952 e lançada em abril de 1952, no compacto que tinha Walkin' my baby back home como Lado B.


Artistas da turma de 1952:


Lloyd Price (Louisiana, USA)

Doris Day (Ohio, USA)

Nat King Cole (Alabama, USA)


Músicas:


0001 - Lawdy miss Clawdy https://discografiaobrigatoria.blogspot.com/2009/11/1952-1961-1-lloyd-price-lawdy-miss.html

0002 - Somewhere along the way https://discografiaobrigatoria.blogspot.com/2019/05/902-nat-king-cole-somewhere-along-away.html

0003 - When I fall in love https://discografiaobrigatoria.blogspot.com/2019/05/901-doris-day-when-i-fall-in-love-1952.html


Timeline:


17 de março de 1919 – Nascia Nat King Cole

3 de abril de 1922 – Nascia Doris Day

9 de março de 1933 – Nascia Lloyd Price

10 de janeiro de 1952 – Somewhere along the way foi gravada

13 de março de 1952 – Lawdy miss Clawdy era gravada

Abril de 1952 – Lawdy miss Clawdy era lançada

Abril de 1952 – Somewhere along the way foi lançada.

5 de junho de 1952 – When I fall in love era gravada

3 de julho de 1952 – When I fall in love era lançada

 

A vida em 1952:

 

Nos Estados Unidos, Dwight  Eisenhower era eleito presidente dos Estados Unidos e os republicanos dominavam além da Casa Branca, as duas casas do Congresso Americano. 

A guerra da Coréia continuava firme e forte, uma vez que os tratados de paz haviam falhado. 

A princesa Elizabeth se tornou rainha da Inglaterra, pois seu pai o rei George VI morreu. 

Os Estados Unidos começaram a construção do seu primeiro submarino nuclear, o Nautilus. 

Os Estados Unidos detonaram a primeira bomba de hidrogenio do mundo. 

O primeiro protótipo do Corvette, da Chevrolet, havia sido criado. 

A primeira pílula anticoncepcional foi criada. 

O doutor Jonas Salk desenvolveu a vacina do pólio. 

A campanha presidencial americana foi a primeira a ser feita pela TV. 

O microndas começou a ser vendido pro público americano. Os primeiros modelos eram do tamanho de uma geladeira e custavam cerca de 1200 dólares.

O preço médio de uma casa custava cerca de 9 mil dólares.

quarta-feira, outubro 13, 2021

0001 – Elvis Presley – Elvis Presley (1956)



Gravado : Julho de 1954 à Janeiro de 1956.

Onde: RCA Studio B em Nashville, RCA Studio em New York City e Sun Studio em Memphis.

Produtores: Sam Phillips (Sun Recording) e Stephen H. Sholes (RCA Recording)

Lançamento: 13 de março de 1956.

Rankings: #1 UK Albums; #1 US Billboard 200; #1 US Albums Cashbox.


Este blog se dedicará a quem quer montar uma estante com discos que compõem a história da música, principalmente do rock and roll. Até 1955 não foram lançados nenhum disco que na minha opinião seja merecedor de entrar nessa sofisticada seleção. O primeiro disco a entrar será nada mais nada menos do que o disco de estréia de Elvis Presley, simplesmente chamado de Elvis Presley. Foi gravado entre julho de 1954 e janeiro de 1956 e lançado em 13 de março de 1956. As sessões de Nashville foram realizadas em 10 e 11 de janeiro de 1956 e no dia 30 e 31 de janeiro de 1956 foram feitas em New York. O resto foi gravado em 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954 e 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955, em Memphis, Tennessee, no Sun Studios. O disco ficou 10 semanas no número 1 do Billboard Top Pop Albums e foi o primeiro disco de rock and roll a chegar ao número 1 desse chart. E também foi o primeiro disco a vender 1 milhão de cópias do rock. É o album número 56 na lista dos 500 greatest albums of all time, da revista Rolling Stone. É também um dos 1001 albums you must hear before you die. Recebeu disco de ouro em 1 de novembro de 1966 e disco de platina em 8 de agosto de 2011, pelo Recording Industry Association of America. No segundo semestre de 1955, os compactos de Elvis pela Sun Records começaram a aparecer nos charts nacionais de Country and Western. Baby let's play house foi pro número 5 e I forgot to remember to forget foi pro número 1. O Colonel Tom Parker, o novo manager de Elvis tinha muitos contatos com a RCA, pois era managerde um outro artista chamado Eddy Arnold. Sua amizade era com Steve Sholes, manda chuva da área de Country and Western e Rhythm and Blues da RCA. Sholes então em 21 de novembro de 1955 compra o contrato de Elvis com Sam Phillips, da Sun Records por 35 mil dólares. Na época, uma verdadeira fortuna e nunca antes pago por nenhum artista. Não seria um mal negócio pra RCA. Foi o primeiro pop album da RCA a vender mais de um milhão de cópias. Elvis então começou a aparecer na TV e fez quatro semanas seguidas no programa dos Dorsey Brothers chamado Stage Show, já no começo de 1956. em 28 de janeiro, 4 de fevereiro, 11 de fevereiro e 18 de fevereiro. A RCA queria um disco rápido pra capitalizar a exposição de Elvis na TV em rede nacional. Heartbreak Hotel havia saído em compacto em 27 de janeiro e ia pras cabeças dos charts. Cinco canções haviam sido gravadas por Elvis na Sun mas nunca haviam sido lançadas. Eram elas: I love you because, Just because, Tryin' to get to you, I'll never let you go (Little darlin') e Blue moon. Elas foram adicionadas à 7 músicas gravadas na RCA. Escolheram então alguns hits da época pra que Elvis fizesse cover. Money Honey, de Jesse Stone, gravada pelos Drifters, com Clyde McPhatter como vocalista e I got a woman, de Ray Charles, afinal Elvis já vinha cantando as duas em shows por um ano. O terceiro cover foi Tutti-frutti, de Little Richard. A quarta foi Blue suede shoes, de Carl Perkins, outro artista da Sun Records. A capa do album é o número 40 das 100 greatest album covers, da revista Rolling Stone. A fotografia de Elvis da capa foi tirada em Fort Homer Hesterly Armory, em Tampa, Florida, em 31 de julho de 1955. O fotógrafo foi William Red Robertson. The Clash usou o mesmo modelo de capa pra lançar sem album London Caling, de 1979. Chegou ao número do chart UK Albums, no Reino Unido. Elvis cantou, tocou violão e tocou piano em uma faixa (Tryin' to get to you). Scotty Moore tocou guitarra. Chet Atkins tocou volão em I'm counting on you e Money Honey. Floyd Cramer tocou piano nas sessões de 10 e 11 de janeiro. Shorty Long tocou piano na sessões de 30 e 31 de janeiro. Bill Black tocou baixo. D.J. Fontana tocou bateria em todas as faixas com exceção de I love you because, Just because, Tryin' to get to you, I'll never let you go (Little darlin') e Blue moon. Johnny Bernero tocou bateria em Tryin' to get to you. Doug Poindexter tocou guitarra em Just because. Gordon Stoker, Ben Speer, Brock Speer e Doug Poindexter fizeram backing vocals.


Lado A:


1 – Blue suede shoes – Compositor: Carl Perkins, gravada em 30 de janeiro de 1956.

2 – I'm counting on you – Compositor: Don Robertson, gravada em 11 de janeiro de 1956.

3 – I got a woman – Compositores: Ray Charles e Renald Richard, gravada em 10 de janeiro de 1956.

4 – One sided love affair – Compositor: Bill Campbell, gravada em 30 de janeiro de 1956.

5 – I love you because – Compositor: Leon Payne, gravada em 5 de julho de 1954.

6 – Just because – Compositores: Bob Shelton, Joe Shelton e Sydney Robin, gravada em 10 de setembro de 1954.


Lado B:


1 – Tutti-frutti – Compositores: Dorothy LaBostrie e Little Richard, gravada em 31 de janeiro de 1956.

2 – Tryin' to get to you – Compositores: Rose Marie McCoy e Charles Singleton, gravada em 11 de julho de 1955.

3 – I'm gonna sit right down and cry (Over you) – Compositores: Howard Biggs e Joe Thomas, gravada em 31 de janeiro de 1956.

4 – I'll never let you go (Little darlin') – Compositor: Jimmy Wakely, gravada em 10 de setembro de 1954.

5 – Blue moon – Compositores: Richard Rodgers e Lorenz Hart, gravada em 19 de agosto de 1954.

6 – Money honey – Compositor: Jesse Stone, gravada em 10 de janeiro de 1956.


Escute o album completo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Uj9Bqsx-pRk&list=PLvDaQTRzMiRr2GcFF6Gq_yVpK2BVHNl31


domingo, outubro 10, 2021

Os bons morrem jovens


 

“The good they die young“

Dick Holler

Diz a lenda que os bons morrem jovens. Quando eu vejo um vagabundo de 15 anos de idade morto, no Rio de Janeiro, que momentos antes de ser alvejado empunhava um fuzil AR-15, fico me questionando sobre a veracidade dessa afirmação. Na verdade a humanidade não espera que uma pessoa morra jovem. A intenção de todos é durar o máximo de tempo que aguentar na terra. Tenho amigos que já partiram e os mesmos não eram nem piores e nem melhores do que eu. Se assim fosse, ou eu deveria já ter morrido ou eles deveriam ter continuado vivos.

Meu velho pai costumava dizer que, uma vez que você tiver zerado seus pecados aqui na terra, Deus te levará pra morada eterna. Zerou os pecados? Vai bater as botas. E brincava dizendo: “Toda vez que percebo que estou chegando perto de zerar, cometo mais um pecadozinho, só pra ficar mais tempo entre vós”. Não conseguiu, pois se foi aos 60 anos de idade, deixando de gozar tantos anos ainda com a família. Mas a causa da morte dele não foi bondade ou maldade. Foi a nicotina ingerida durante 48 anos ininterruptos.


Não curtiu os netos, apesar de minhas filhas estarem com quase 3 anos quando ele partiu. Nunca quis vir ao Canadá para conhecê-las pois disse não conseguir perdurar um vôo tão longo sem fumar. Minha mãe não impôs esse obstáculo à ela mesma e veio algumas vezes. Hoje minhas filhas tem uma foto delas com a minha mãe no lockscreen do telefone delas, justamente porque elas desenvolveram uma relação. Ele não. Eu brinco com elas dizendo que o nome dele é o filho de Jael. Jael-Son. O que elas sabem dele é o que falo sobre ele, subtraído do que elas não prestam atenção.


Meu pai partiu desde 2009, mas raro é o dia que não penso nele. Sinto um alívio pois ele não está vivendo o apocalipse que vivemos hoje. Meu pai era um homem bom por natureza. Ele não exercia a moda de hoje: a sinalização de virtude! Em outras palavras, ele não queria mostrar aos outros que era bom. Ele simplesmente era. Eu poderia escrever um livro dos exemplos que ele me deu com ações e não com narrativas.


Um dia, quando eu tinha uns 13 anos de idade, ele lia um artigo na revista Veja, sentado à mesa de almoço e disse, do nada: “Meu filho, a maior tristeza da minha vida seria vê-lo preso um dia”. Lembro que no momento dei de ombros e pensei: “Ser preso? Esse bicho tá doido é?”. Acho que ele lia algum artigo sobre algum adolescente bosteiro.


Antes de continuar, quero contar como meu pai fazia quando chegava do trabalho. O seu ritual. O homem era cheio de rituais. Tirava sua camisa social e dependurava sobre a cadeira da mesa de jantar da sala, uma mesa de 8 lugares. Não fazíamos as refeições diárias lá e sim em uma mesa redonda na cozinha. Era o costume da época. Mas ele tirava sua camisa, dependurava na cadeira lá e ia pra cozinha sem camisa, porém com sua calça social e sapatos. Depositava os óculos sobre a mesa e almoçava lendo a revista Veja. Um artigo por dia, acho. Quando acabava de ler o artigo do dia, deitava a Veja sobre a mesa e vinha conversar conosco. Eu particularmente ficava esperando ele acabar a leitura pra ter um pouco da atenção dele.


Ele sorria, colocava os óculos de volta no rosto e fazia alguma perguntas à algum de nós. Sempre com um sorriso nos lábios. Era sua marca registrada. Lembro da sua mão. Da sua risada. Da sua sobrancelha. Da sua barba arranhenta. Do seu perfume. Do cheiro de cigarro. Pai, como sinto sua falta. É muito ruim viver sem saber que estás por aqui. Você me transmitia segurança como nunca senti depois de sua partida. Hoje eu tenho que ser a segurança de todos.


Quando meu pai viajava eu não confiava nas fechaduras das portas e das janelas. Sonhava com ladrão entrando em casa e toda sorte de assombro. Saber que ele dormia no quarto ao lado era o reconforto do menino apavorado.


Eu não falo muito pois me machuca falar. Prefiro mudar de assunto. Melhor calar. Mas rapaz, que falta eu sinto do meu pai. Hoje virou lugar comum vários filhos falando sobre seus pais, quando sabemos que muitos foram e são corruptos sem vergonha. Meu pai não, meu pai foi honesto e morreu pobre. Poderia ter morrido rico, mas preferiu o caminho da dignidade. Desafio qualquer um a me provar que meu pai foi corrupto. Mas desafio mesmo. E não é de boca, como costuma falar o filho de Lula, por exemplo.


Uma frase que ele disse, aos meus 13 anos de idade, ficou na minha cabeça pra sempre. “Não seja preso”. E todas as minhas ações tinham como raia justamente isso. E nunca fui preso. Obrigado, papai, por ter sido meu exemplo. Eu carrego essa frase hoje por 33 anos. E tento passar os seus valores pras suas netas. Que pena que elas não conheceram papai.


Uma simples frase que se abre em um estilo de vida. Não seja preso significa: “Seja honesto, faça as coisas com dignidade, honre suas calças, seja homem, caminhe na sombra da bondade”.


Hoje tenho alguns amigos que por dinheiro se sujeitam as mais baixas relações empresariais com o setor público. Rezo por eles, espero que tenham compreensão que a vida é muito mais do que dinheiro. Dignidade, moral, retidão valem muito mais do que uns papéis pintados impressos por bancos centrais por aí. O dia D chegará e todos estaremos sentados frente à frente com o pai celestial. Qual será o curriculum que puxarás? Nenhum, pois o teu curriculum estará já impresso por lá.


Papai, toda ação que eu tomo hoje, sua imagem vem à minha face, como um holograma. O senhor Jaelson Cavalcante das Neves é um exemplo que frequenta meu campo de visão diariamente. Um dia um sujeito metido à besta perguntou, cheio de arrogância: “Quem é seu pai, vocé é filho de quem?”. Eu respondi, timidamente: “Você não o conhece, meu pai se chama Jaelson, não é do seu círculo de amizade”. Ele disse, arrogante: “De fato, não conheço”.


Algumas semanas depois, contei esse fato a meu pai, que no momento dividia uma mesa do Bar do Pedro com meu tio Jaeci. Meu tio Jaeci é um dos irmãos do meu pai, mais novo. Inesperadamente, tomei uma dura do meu tio Jaeci. Enfurecido, meu tio disse, gritando: “Você tenha orgulho do seu pai, seu cabra. Seu pai é meu irmão, que me levava pras festas, que me arrumou meu primeiro emprego, que é filho de Juvenal e Rachel, ele ferroviário e ela dona de casa, que criaram todos os filhos pra serem homens de bem...”


Ante a meu silêncio e espanto, afinal eu não havia dito nada demais, meu pai deu uma batidinha no braço do meu tio, como se pedindo pra ele parar de falar. Pegou no meu pescoço e me trouxe pra perto dele. Me deu um beijo na testa e disse: “Meu filho, não ligue pro que seu tioele deve tá nervoso com alguma coisa na vida dele. As vezes escutamos coisas e não podemos responder. As vezes falamos coisas que não devemos. O que importa é o que temos aqui”, e apontou pro coração.


Eu entendi que o meu Tio Jaeci se decepcionou com o fato de eu ter covardemente não me imposto com o boçal interlocutor. Hoje eu teria feito diferente, mas naquela época eu ainda não tinha os culhões de touro. Eram apenas culhões de cachorro.


Mas o fato é que meu tio Jaeci ficou olhando pro meu pai com admiração, com os olhos marejados. Meu pai era uma espécie de ídolo pra ele. Claro que ele o conhecia mais do que eu. Viveram mais como irmãos do que eu como filho. Não consigo esquecer esse dia. Eu não disse nada. Mas como eu queria ter dito.


E ter dito não só ao meu pai. Mas também ao sujeito que disse que não sabia quem ele era e nos tratou com desdém. Tipo, “se não conheço, é porque ele é irrelevante”. Coitado. Não poderia estar mais errado. A passagem dele na terra foi iluminada de tal forma que esse texto não faz 1% de justiça ao homem que ele foi. A justiça eu plena certeza que ele anda recebendo por onde está agora.


No funeral do meu pai, eu ia me dirigindo pra ir embora e vi meu tio Jaeci. Meu tio Jaeci é a maior referencia do meu pai. Eles tinham uma amizade incrível. Eram muitos próximos. Eu o respeito muito. Eu o interpelei. Ele disse que tava com um problema de saúde e não estava bebendo. Eu disse a ele: “Tio, papai me disse que no dia que ele morresse, ele não queria tristeza. Ele queria que eu fosse almoçar e tomar todas pra celebrar a vida dele. Mas eu não estou me sentindo à vontade pra fazer isso, o que o senhor acha?”


Ele disse: “Meu garoto (como ele me chama carinhosamente), se seu pai disse isso, eu te autorizo, vá embora e faça como combinaram. Eu só não vou pois estive doente e quero me recuperar, mas vá em frente”. E fomos pro Tábua de Carne de Areia Preta, nós e os amigos mais chegados. Agradeço à todos que lá estiveram não em homenagem à mim, mas ao velho Jajá.


Eu me conformo em saber que jamais conseguirei ser nem um décimo do que foi meu pai. Um dia eu estava com Reginaldo Jales, O matuto, um amigo antigo e ele me disse: “Fabiano, gosto muito de você e você é uma pessoa boa, mas você jamais vai amarrar os sapatos de Jaelson”. Eu senti um orgulho enorme dele ter dito isso. Essa foi a maior honraria que ele poderia ter me feito.


Carreguei a frase de Reginaldo pra Alexandre Motta, O Pezão, e perguntei sua opinião. Eis que ele disse: “Tu é doido? Pra tu ser um Jaelson tu teria que viver umas cinco vezes!!”. Meu coração se encheu de alegria. Bruno Galvão, outro amigo, me disse certa vez: “Rapaz, encontrei com teu pai em Pedro. A alegria dele é falar em tu,os olhos dele chegam a brilhar, conta histórias, pergunta, eu gosto muito de tomar uma com ele!”.


Thanks Daddy, thank you for everything. Você foi um “man amongst men!! Eu prometo viver o resto dos meus dias “lookinp up to you”!! E se um dia nos encontrarmos, vou te dar um abraço pra torar suas costelas celestiais e te avisar que pelo menos por Natal, ninguém toma mais Antártica. A onda agora é Heineken!!!


Fabiano Holanda Cavalcante

Mississauga, Ontário, Canadá.

Outubro de 2021.

terça-feira, setembro 28, 2021

Caimos sempre no mesmo buraco


Um sujeito entrou em uma rua e caiu com o carro em um buraco. Quebrou toda sua suspensão, arrebentou os dois pneus da frente, além de quebrar barra de direção e estabilizador e tudo que tinha por lá. Passou uma semana consertando. Quando o carro ficou finalmente pronto, ele pegou o mesmo trajeto e caiu de novo no mesmo buraco. Arrebentou tudo novamente. Ele fez isso cinco vezes. Inacreditável? Parece que sim.

O que estamos fazendo hoje em dia é cair no mesmo buraco pela vigésima vez ao não entender o passado. O perigo que enfrentamos nunca foi o vírus de merda. O perigo que enfrentamos é o mesmo que os judeus enfrentaram na Alemanha nazista. O diabo não vem de frente. Ele só age com mentiras. Os judeus aceitaram entrar nos trens e irem pras câmaras de gás calados. Porque, me pergunto? O medo os conduziu. O que eu faria naquela época se eu fosse um judeu? Provavelmente nada, como não estou fazendo nada agora. Olho ao redor e enxergo o mar de ignorantes esticando os braços para serem envenenados. E dizendo, cheios de uma lógica de esgoto : vou me vacinar pra poder ter uma vida normal. Sério? Vida normal?

A segregação da sociedade, que é um dos objetivos de quem tá por trás disso, é global. Vacinados contra não vacinados. Judeus contra alemães. Os judeus fedem, são sujos, imundos, sebosos, não cheguem perto deles. Os não vacinados são sebosos, não os deixem entrar nos restaurantes.

Hoje em dia eu divido a sociedade em duas, indo na minha própria segregação : os que defendem os passaportes sanitários e os que os abomina. Se você é do primeiro grupo, me corte da sua vida. Nunca mais fale comigo. Me esqueça. Eu morri.

A Igreja Católica, sob o comando do Papa Anti-Cristo, está à serviço do Satanás. Mas isso é novidade pra ela?

Por dois séculos, os católicos foram perseguidos desde o grande incêndio de Roma, no ano de 64 depois de Cristo, por Nero, até o ano de 313, quando Constantino criou o Édito de Milão. Logo após isso, a Igreja começou a perseguir e executar quem não seguia os seus preceitos. De perseguidos a perseguidores não durou muito.

Ano passado, no auge da pandemia, missas foram proibidas. Os conservadores cristãos saíram pra briga, indo pra tribunais, fazendo protestos, para que a casa do Senhor fosse reaberta pra os cultos religiosos e missas.

Hoje o que vemos? A igreja católica e seu papa viram as costas pras pessoas e dizem que só podem ir na igreja quem tem o passaporte sanitário ou prova de vacinação pro covid19.

Dessa vez foram mais rápidos do que o período pós Constantino. Satanás vive dentro do seio da igreja católica. Rogo para que Deus envie logo seu exército antes que sejamos todos dizimados. 

terça-feira, julho 20, 2021

Gestão em tempos de virtude exibida

 


Moro nos arredores de Toronto, na província de Ontario. O pessoal daqui tem se mostrado um dos mais cegos e medrosos de todo o planeta terra no tocante à "pandemia" do "famigerado" covid19. Podemos dizer que temos os cérebros mais lavados da terra. Chegam a brilhar de tão lavados. Até encerados estão.

Houve uma gritaria generalizada até a semana passada sobre os vacinados portarem os recibos de suas vacinações para terem acesso à serviços na província. Sabedor das implicações de tal ato, o primeiro ministro Justin Trudeau literalmente tirou a bunda da seringa. Disse que isso seria responsabilidade de cada província.

O primeiro ministro de Alberta gritou logo que lá isso não ocorreria. Ficou a dúvida sobre o que iria fazer o nosso glorioso Doug Ford, premier da província de Ontário. Eis que para surpresa de todos, Ford também declinou da ideia e jurou que jamais faria isso. Ele disse que não tinha intenção de dividir a sociedade mais ainda do que já estava. Sábia decisão.

Não satisfeitos com essas declarações, alguns donos de restaurantes histéricos e que querem administrar seus negócios como se estivessem num reality show, resolveram tomar suas atitudes exdruxulas. Seria como se estivéssemos assistindo João, Gil do Vigor, Camila e a Juliette querendo administrar um restaurante.

Criaram um site chamado safetodo.ca, onde listam os nomes dos restaurantes em que todo o staff foi obrigado a se vacinar e onde só recebem clientes com prova de vacinação debaixo do braço. Lá também tem outros negócios além dos restaurantes.

Do ponto de vista gerencial, isso é um desastre. Um tiro no pé. Cuspir pra cima, como se diz. Pra que essa correria em querer demonstrar uma virtude e gerar segregação social, quando não há nenhuma lei apoiando esses requisitos?

A única coisa que gerou e irá gerar é antipatia. Nem o governo, nem a organização mundial da saúde e nem ninguém atestou que a vacina é segura e eficaz. Inclusive a vacina não pode nem ser aplicada se as ordens emergenciais forem suspensas, pois ela é uma substância emergencial, não tem status de vacina por simples falta de testes.

Mas se mesmo assim, digamos que a vacina fosse efetiva, qual a importância em ter gente que não foi vacinada? Se eu e meu staff fomos vacinados e acreditamos na eficiência dessa substância, temos que estar confiantes de que estamos protegidos.

Uma enxurrada de reviews negativos e verdadeiras hordas dizendo que não irão mais nunca nesses lugares que promovem segregação social foi o resultado dessa iniciativa.

Perdidos, os donos dizem que o estabelecimento é deles e criam as regras que quiserem. Ah tá. Então se eu abrir um restaurante e dizer que não aceito homossexuais ou negros, estou no meu direito? É assim que funciona?

Quando querem fazer aborto, assassinar um feto, ninguém pode interferir porque é o "meu corpo, minhas regras!". Mas quando eu tenho que decidir se tomo uma substância experimental ou não, deixa de ser meu corpo minhas regras e tenho que sair por aí mostrando meus recibos médicos?

O tiro no pé que esses gestores com ausência de neurônios deram é ainda mais divertido de se ver. Mesmo os tontos que estão vacinados, lacrados, mascarados, encapuzados, ainda assim não querem sair de casa.

Os que não tomaram a vacina, nunca tiveram medo e nunca deixaram de sair de casa. Adivinha quem tem mais chance de ser o seu possível cliente?

Mas a burrice vai mais além. Vamos pra matemática. 70% das pessoas da província tomaram a vacina. 30% não tomaram. Porque eu, como dono de negócio, se não tem ninguém me obrigando a isso, vou aceitar reduzir meu número de possíveis clientes em 30% só pra querer ser o "bonzão?".

Estão sendo arrasados nos reviews até mesmo por pessoas vacinadas. Esse tipo de atitude só gera negatividade. O gestor tem que abrir portas, jamais fechar e ainda mais sem necessidade real.

A burrice tem uma etiqueta com um preço pendurada nela. Se minha arrogância como gestor me empurra à desistir de 30% dos meus possíveis clientes porque eu quero sinalizar minha virtude por aí, eu não posso achar ruim quando fechar minhas portas
Esse é o preço da ignorância e da divisão social. Se é caro ou barato pra ele, não me importa. O que me importa é que ele vai pagar.

sábado, fevereiro 04, 2017

Playlist February 4th 2017

1 – Love me tender – Elvis Presley, 1956
2 – Don't – Elvis Presley, 1958
3 – A teenager in love – Dion and The Belmonts, 1959
4 – Are you lonesome tonight – Elvis Presley, 1960
5 – Will you still love me tomorrow – The Shirelles, 1960
6 – Crazy – Patsy Cline, 1961
7 – Stand by me – Ben E. King, 1961
8 – Can't help falling in love – Elvis Presley, 1961
9 – Love hurts – Roy Orbison, 1961
10 – Runaround Sue – Dion and The Belmonts, 1961

11 – Moon river – Andy Williams, 1961
12 – We belong together – Ritchie Valens, 1959
13 – Ne me quittes pas – Jaques Brel, 1959
14 – Be my baby – The Ronettes, 1963
15 – You'll never walk alone – Gerry and The Pacemakers, 1963
16 – Till there was you – The Beatles, 1963
17 – Don't ever change – The Crickets, 1962
18 – I've lost that loving feeling – The Righteous Brothers, 1964
19 – My girl – The Temptations, 1964
20 – And I love her – The Beatles, 1964

21 – Don't worry baby – The Beach Boys, 1964
22 – A summer song – Chad and Jeremy, 1964
23 – Don't let the sun catch you crying – Gerry and The Pacemakers, 1964
24 – Last Kiss – Frank J. Wilson and The Cavaliers, 1964
25 – You never can tell – Chuck Berry, 1964
26 – A world without love – Peter and Gordon, 1964
27 – As tears go by – Marianne Faithfull, 1964
28 – Ferry cross the Mersey – Gerry and The Pacemakers, 1964
29 – The sound of silence – Simon and Garfunkel, 1964
30 – Wednesday morning, 3 A.M. – Simon and Garfunkel, 1964

31 – Understand your man – Johnny Cash, 1964
32 – Under the boardwalk – The Drifters, 1964
33 – Bleecker street – Simon and Garfunkel, 1964
34 – Positively 4th street – Bob Dylan, 1965
35 – I am a rock – Paul Simon, 1965
36 – Yesterday – The Beatles, 1965
37 – Unchained melody – The Righteous Brothers, 1965
38 – Eve of destruction – Barry McGuire, 1965
39 – Norwegian wood – The Beatles, 1965
40 – In my life – The Beatles, 1965
 

41 – Homeward bound – Simon and Garfunkel, 1966
42 – I want you – Bob Dylan, 1966
43 – God only knows – The Beach Boys, 1966
44 – A hazy shade of winter – Simon and Garfunkel, 1966
45 – Wouldn't it be nice – The Beach Boys, 1966
46 – Here, there and everywhere – The Beatles, 1966
47 – Out of my mind – Buffalo Springfield, 1966
48 – When a man loves a woman – Percy Sledge, 1966
49 – La Boheme – Charles Aznavour, 1966
50 – Strangers in the night – Frank Sinatra, 1966

  

terça-feira, novembro 15, 2016

A corrupção não é o único dos nossos males

Hoje em dia temos a impressão de estarmos vivendo uma terrível crise econômica e uma tenebrosa crise política. Eu disse impressão pois eu gostaria de saber, quem sempre não viveu sob uma crise econômica e política? Com raras exceções como o início do Plano Real, parte da Era Kubitschek e o milagre econômico do fim dos anos 60, o Brasil viveu sempre sob um estado de crise permanente. Sempre foi um mosaico de problemas e condições institucionais instáveis.

Não tivemos graças à Deus nenhuma guerra étnica, religiosa ou outra imbecilidade do tipo, e até mesmo o chamado período ditatorial foi uma brasinha com pouco mais de 300 mortos em 21 anos de período militar. Hoje em dia esses números não chegam à um final de semana nas principais capitais, devido à violência gritante que nos assola, justamente pelo abrandamento das punições tão exigidas pelas esquerdas e Comissões dos Direitos Humanos.

Assim, essa crise eterna e medonha, é nossa própria culpa, por pura falta de hombridade, bom senso coletivo e responsabilidade. O nosso grave subdesenvolvimento é político, não é econômico, educacional ou tecnológico, apesar de também sermos subdesenvolvidos nessas áreas, eles não são nosso principal problema.

O sistema político que temos é formado por estruturas disfuncionais. A nossa máquina político-administrativa, a mesma que dita nossos destinos, é uma fábrica de absurdas distorções cumulativas.

Estivemos a pouco tempo diante das eleições presidenciais. Os mais tolos, além de não entenderem a razão do porque do colegiado e do voto distrital, ainda dizem que aquilo não é democracia. Que porque o voto popular não é levado em tanta consideração, aquilo lá não funciona. Ora, falha de democracia é aqui, onde a tirania tem espaço pra vingar, como vingou com o PT e em outras ocasiões.

Nós imitamos o modelo do presidencialismo americano, mas modificamos na parte que nos convêm. Lá, o presidencialismo é conjugado ao voto distrital. No Brasil, o presidencialismo é atrelado ao voto puramente proporcional, o que gera uma crise política ininterrupta.

Mesmo que os políticos fossem homens super puros, o que não são, pois são reflexos da sociedade brasileira, eles precisam ser eleitos. Seja deputado, senador, prefeito, governador ou presidente. Esse ponto de partida é obrigatório para todos. Não tem como entrar de outra forma.

No modelo proporcional, os deputados, por exemplo, são obrigados a saírem catando votos por todo o estado, num processo extremamente caro e incerto, uma vez que o eleitor não tem como saber entre as dezenas de representantes eleitos, o que cada um tem feito. Como um eleitor médio pode saber quem propôs medidas ou leis para poder julgar se candidato A ou B merece seu voto?

Um americano, inglês ou canadense pode falar no “seu” deputado, pois ele sabe exatamente quem elegeu e tem como cobrar respostas ao representante do “seu” distrito. Lembro muito bem no Canadá, perto das eleições, surgem as bandeiras vermelhas ou azuis nas gramas nas frentes das casas. E ele sabe justamente onde é seu escritório e pode ir lá bater na porta pra conversar na hora que quiser, cobrar, elogiar, ou sugerir.

Vamos tomar por exemplo Natal. Seria dividida em distritos. O distrito que engloba Morro Branco, Nova Descoberta e adjacências, teria dois candidatos. Ari Gomes e Assis Oliveira. E ali os moradores iriam escolher entre eles e não entre 500 candidatos. Eleitos, o escritório deles seria ali, para que a população tivesse acesso, afinal ele é um servidor público como outro qualquer e não uma celebridade de Hollywood que ninguém pode chegar perto. Melhor do que passar o dia na Câmara cochilando nas cadeiras e sem fazer nada que preste.

No Brasil o sujeito vai cobrar o quê e de quem? Um cara mal se elege por um partido, já muda pra outro. Subindo de escala, o presidente é então o sujeito que irá controlar a enorme máquina pública brasileira e os mecanismos de dar ou de negar favores. Nesse sistema ridículo que temos, pouco é relevante se o político é honesto ou não.

Se vamos copiar o que deu certo, que se copie então de forma completa e não somente a parte ruim. Se faz necessário uma reforma política profunda, com ajuste para o voto distrital, com eliminação de partidos nanicos, deixando apenas 2 ou 3 partidos, afinal de contas, ou você é dirigista ou você é à favor de um estado pequeno, não existem outras opções.

Trump venceu porque o país dele não aguentava mais hipocrisia, mentira e safadeza. Quiseram um cara que a mídia o descreve como louco, mas que de louco não tem nada. A política tem que mudar sua cara. Hoje na era da informação ninguém aguenta mais esse voto proporcional. Eu espero viver pra ver isso acontecer. Trump falou o que o americano médio estava ávido por ouvir. Não se espantem com o resultado das eleições presidenciais brasileiras em 2018. Caras novas vão surgir. A eleição esmagadora de Dória na cidade de São Paulo já deu a deixa. Reforma política já!!!

sexta-feira, novembro 04, 2016

Brasil, o país do futuro

Desde criança escuto a frase maravilhosa que diz que o Brasil é o país do futuro. Eu carregava o peito cheio de esperança. Aos 14 anos, em 1989, a Legião Urbana lançou seu maravilhoso disco chamado As quatro estações e nele tinha uma música chamada 1965 (duas tribos), onde Renato Russo cantava novamente que “O Brasil é o país do futuro!!!”.

Mas que tremendo desapontamento. O Brasil não é o país do futuro e nem será pelos próximos 100 anos. Apesar de termos um potencial enorme, o nosso desempenho sempre tem sido abaixo do medíocre. É uma vergonha, pois o Brasil não tem o direito de ter tanta pobreza. O Brasil é um país naturalmente rico mas com uma vocação incrível pra pobreza. Japão e Suíça, por exemplo, são países naturalmente pobres, mas com uma vocação incrível pra riqueza.

Japão e Suíça são provas reais de que a riqueza de um país não está nos seus recursos naturais e sim em tecnologia e educação. Riquezas naturais são cadáveres geológicos que não significam futuro longo. E os esquerdopatas estatistas dos infernos ainda brigam por Petrobras, pré-sal e bobagens afins.

O Brasil apesar de ter tido a oportunidade, nunca foi uma potência mundial. No estouro de Juscelino nos anos 50 e de 1968 até a crise do petróleo, nós tivemos uma possibilidade de sermos grandes. Mas deixamos passar.

Os historiadores apontam três fatos que nos mantém na obscuridade econômica, sempre atrasados algumas décadas em relação aos países que estão na ponta. Primeiro, desde o século 19, o Brasil possui alta taxa de analfabetismo. Segundo, demoramos demais pra abolir os escravos e terceiro, sempre tivemos uma economia patrimonialista.

Em 1850, apenas 1% do Brasil era alfabetizada. Em outras palavras, 99% da população brasileira não sabia ler. Falamos apenas de 166 anos atrás. No mesmo ano, os Estados Unidos tinham 22% da população alfabetizada.

Com a relação à demora em abolir os escravos, isso afetou de maneira brutal o país. Enquanto na Europa, o feudalismo se desintegrou nos séculos 17 e 18, no Brasil a escravidão só foi abolida em 1888. E a escravidão gerou dois atrasos malignos: diminuiu o interesse em procurar alternativas tecnológicas para redução de custo de mão de obra, uma vez que eram de graça uma vez adquiridas e retardou o crescimento do mercado interno, pois os trabalhadores não tinham dinheiro pra gastar. Praticamente não existiam consumidores e sem consumidores, não há mercado.

A terceira mancha é a cultura patrimonialista que sempre tivemos. Sempre existiu no Brasil uma linha muito fina entre propriedade pública e propriedade privada. Sempre tivemos uma enorme capacidade apropriativa do estado através de desapropriações e confiscos. Sempre tivemos monopólios estatais e grandes corporações privilegiadas pelo governo e tudo isso retardou o florescimento de um capitalismo competitivo.

Mas, deixemos de lado o período imperial por um tempo e falemos de hoje. O Brasil até hoje não entendeu ainda dois elementos básicos do capitalismo: a soberania do consumidor e o respeito ao contribuinte! Além disso, estamos longe de resolver os nosso problemas de educação fundamental e gastamos cascatas de dinheiro com o elitismo da educação de nível superior!!

Eu tive a sorte de habitar por 16 anos no Canadá e me assustei como aqui ainda são tratados os consumidores. Da mesma forma, como são desprezados os pagadores de impostos. Não há retorno algum sobre o que pagamos. Enquanto não corrigirmos essas coisas, em vez de estarmos invadindo escolas e falando sobre coisas que ninguém no mundo mais fala, estaremos fadados à mediocridade em loop, e jamais seremos país de futuro nenhum, a não ser que seja o futuro de Mad Max!!!

Fabiano Holanda, João Pessoa, 04 de novembro de 2016.


quarta-feira, outubro 12, 2016

Vamos UBERIZAR o Brasil

Durante muito tempo, quem queria se locomover dentro de uma cidade e não queria ou não podia usar automóvel próprio, ônibus, bicicleta ou ir a pé, usava um sistema de transporte chamado táxi. Esse sistema consistia em uma frota de automóveis, geralmente velhos, sem conforto, com motoristas muitas vezes despreparados para o relacionamento entre humanos e que cobravam muito caro e muitas vezes demoravam até 45 minutos pra chegar, quando ligávamos pra eles.

Caso você queira entrar nessa profissão de motorista de táxi, você tem que desembolsar o valor de um imóvel pra adquirir uma placa de táxi.

Como não só de desgraça vive o mundo, surgiu um sistema que tem o mesmo objetivo, levar pessoas de um lugar pra outro, chamado UBER. Nele, primeiramente, o passageiro paga quase a metade do preço do táxi, os carros são mais modernos e luxuosos, e pra completar, os motoristas são cordiais. Você se pergunta, porque alguém ainda usaria um táxi? É a mesma pergunta que eu faço.

Ah, se você quiser entrar nessa profissão, você se inscreve no UBER, não precisa desembolsar nem o valor de uma bicicleta pra entrar na brincadeira.

O UBER representa um pouco de primeiro mundo em um país cansado de ser explorado com serviços caros e sebosamente prestados. Vamos rezar para que o UBER seja o começo de uma melhoria sensível de todos os serviços. Que o pensamento UBER chegue nos cartórios, no sistema de transporte coletivo, nos bancos, nas escolas públicas, nos estádios de futebol (pra se conseguir consumir algo dentro de um deles você perde 25 minutos de jogo) e em tantos outros serviços prestados de maneira blasé ao cidadão brasileiro.

O UBER chegou cobrando a metade e apresentando serviço de excelência. Agora, alguns táxis, estão melhorando pra tentar se igualar. Porque não fizeram isso antes? Porque não tem respeito com ninguém. Vivem num passado onde o negócio é fazer o consumidor de refém. O UBER acabou com isso e dentro de um futuro breve, as placas de táxi irão valer tanto quanto uma linha de telefone (lembra que antes de privatizar uma linha tinha o valor de um imóvel e as pessoas acabavam alugando uma?).

Assim como a privatização da telefonia no governo FHC fez um bem tremendo à população, embora na época os partidos de esquerda fossem determinadamente contra e hoje usam o fato de todos terem celular e telefones em casa à um ato da esquerda, os donos das placas de táxi estão urrando como porcos que estão indo pro matadouro. Mas não adianta mais. O UBER chegou para ficar. O UBER tornou o sistema de transporte desse tipo mais acessível ao pobre, que também gosta de coisa boa. Ele apenas não pode pagar pela coisa boa.

Eu saí de uma festa de madrugada no IATE CLUBE em Natal e fui até a casa dos meus sogros perto do hospital do coração. O valor, 18 reais. Alguém tem dúvida que esse valor seria pelo menos 60 reais em um táxi comum, com a ajuda da famigerada bandeira 2? Um amigo meu está em São Paulo hoje com a família. Pegou um UBER do aeroporto pro hotel em que está hospedado. Valor, 60 reais. Quanto o taxista cobrou pelo mesmo trajeto? A bagatela de 165 reais. Tem cabimento?

Graças as opiniões públicas expressas nas redes sociais, que será o termômetro pros pensamentos dos políticos nos próximos anos, o UBER tem sido aceito nas cidades, após um início sempre barulhento, pois os políticos preferem seguir os votos dos seus eleitores em vez de apoiar os ricos donos das placas que antes pagavam por suas campanhas. Até a nova lei de financiamento de campanha ajudou o UBER e a população, nesse sentido.

Os tempos são outros, tempos de informação instantânea, e que não comporta mais monopólios e cartéis prestando serviços nojentos à população. Irão cair um a um, afinal não se pode acabar tudo de uma vez. O capitalismo nos traz empresas como o UBER, que sabe que precisamos apresentar serviço de qualidade com preço justo. O capitalismo gera emprego e não cidadãos dependentes das tetas do erário.

Temos uma linha a seguir. O UBER é modernização, é PEC241, é limpeza, serviço digno, puro, é enterrar o velho ruim. Outras empresas surgirão pra competir com o UBER, empurrando ainda mais os preços pra baixo e quem ganhará com isso será somente o consumidor. E se você é contra a modernização, contra a PEC241, contra o que é bom, eu já sei pra onde vai o seu voto. Vamos UBERIZAR o Brasil!!

Fabiano Holanda, 12 de outubro de 2016.

segunda-feira, abril 04, 2016

Lições de um vendedor de frango

Vez por outra gostamos de comprar um frango assado pro almoço. Curioso que sou e intrigado com as notícias que lemos que a crise é mentira, que as empresas estão contratando e blá bla blá, comecei a conversar com o vendedor dos frangos.

Perguntei como estavam as vendas, ele disse que estavam fracas demais, que a crise estava terrível. Mergulhei nos números, pois “fracas demais” é um conceito relativo. Ele disse que já chegou a vender 1000 frangos por semana e que hoje em dia vende cerca de 300 frangos. Sim, realmente isso significa fraco demais.

Continuando a entrevista, ele me disse que antes comprava o frango por R$5,00 e vendia por R$15,00. Nisso ele tinha custos de limpeza, preparação, carvão, manteiga, queijo ralado, aluguel e embalagem. Nesse período, ele conseguiu comprar 3 casas no bairro onde mora.

Hoje, ele diz que o frango custa R$11,80 e ele vende à R$20,00. O lucro caiu de 10 reais sem os custos para R$8,20. O lucro diminuiu, as vendas também. Hoje ele disse que não consegue comprar nem uma bicicleta.

Bem, se a crise é mentira, a verdade é que pra todos os lados os sinais são diferentes. Os professores universitários, “intelectuais”, “economistas”, que pregam o contrário, deveriam rever seus conceitos ou pelo menos, tentarem ser mais verdadeiros. O bicho pegou e se não tirarmos esses ladrões de onde estão, só fará piorar a cada dia.